O “Hoje em Dia”, que vai ao ar na Record de segunda a sábado, caminha para cinco anos de exibição e tem uma posição confortável e invejável à todos seus concorrentes. O programa conseguiu reunir o que até mesmo a Globo ainda almeja ter em suas manhãs: estabilidade, audiência e faturamento.
Talvez a rentabilidade e o Ibope atingidos pelo “Hoje em Dia” façam com que a atração seja a última das preocupações da Record. Mas não deveria ser. Enquanto o departamento artístico da casa se preocupa com o horário nobre e os finais de semana, as tardes seguem à beira do abandono e as manhãs, intocáveis. O “Hoje em Dia” estreou em 2005 mas apenas em 2007 engrenou, com uma mistura de games, informação e novos quadros, até então pouco explorados e que se destacavam perante os insossos concorrentes, que insistiam em receitas de culinária e dicas de moda para agradar à dona de casa – a qual por sinal, já estava saturada disso. Em 2008 o programa se manteve em alta. Em 2009, uma pequena queda de qualidade, vista com o abuso de discussões desinteressantes como as do reality “A Fazenda”. Em 2010, o “Hoje em Dia” chegou ao seu mesmo nível de 2005 e 2006.
É possível exemplificar o quão morno o programa ficou de algum tempo para cá. Os problemas começam no início, às 09h30, quando Celso Zucatelli inicia a revista eletrônica com mais notícias. Por que mais notícias? A grade da Record em São Paulo – e em alguns estados do Brasil – começa às 06h30 com o “Direto da Redação” e segue até 09h30 com três jornais seguidos. Não há necessidade do “Hoje em Dia” ter um bloco informativo, ainda mais quando não se tem nada a acrescentar e apenas matérias requentadas são exibidas.
Na edição da última quinta-feira (01), foram cerca de 25 minutos de notícias. E até que uma matéria jornalística vai ao ar e, misteriosamente, após 28 minutos de programa no ar, Chris Flores abre a boca para fazer um questionamento a um entrevistado. Giane Albertoni faz outra pergunta na seguida. Bom dia? Não existe nenhum cumprimento dos apresentadores com o telespectador. E não há estratégia de audiência que justifique isso.
Mais conversa, mais debate, e então começa o show de intervalos comerciais. São cinco – ou as vezes seis – exibidos quase que na sequência, deixando o “Hoje em Dia” quase que inassistível. Por fim, às 11h30, Celso Zucatelli volta a falar de notícias. Isso exatamente uma hora e meia depois de tê-las encerrado. Além de repetitivo, já que o telespectador teve três horas para acompanhá-las nos jornais e meia hora no próprio “Hoje em Dia”, nas praças, logo na sequência, começam os jornais locais. Mais notícias? Em São Paulo, ao meio-dia, começa a longa maratona de duas horas, duas horas e meia do “Record Notícias”.
Não é necessário mais um bloco disso no programa. Por fim, ao meio-dia, Celso Zucatelli entrega o programa para Luciana Liviero – ou para as afiliadas. Atenção que Chris Flores, Giane Albertoni e Edu Guedes continuam sem se despedir do telespectador. O “Hoje em Dia” se tornou um programa fraco e repetitivo. A saída de Vildomar Batista, que também não vinha tendo suas melhores ideias no final de sua gestão, apenas acelerou o processo de desgaste. Uma reformulação na equipe, um incremento de verba e novas pautas conseguiriam dar ao “Hoje em Dia” o gás que já teve no passado. E nada mais justo por parte da Record tratar com mais atenção um de seus maiores faturamentos.
Por André Luiz Batista
Do site NaTelinha
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