Entrevistando Ricardo Waddington sobre “A Cura”, a conversa acabou em “Malhação”. A novela adolescente voltou para o núcleo dele, que está fazendo uma reformulação geral e radical. Mas o que mais me chamou atenção foi a afirmação de Ricardo de que este é “um programa necessário”. Ele não se referia à audiência (é que pesa sobre “Malhação” a responsabilidade de carregar espectadores para o horário nobre). Ricardo defendeu a ideia que sua função é “abrir a janela de diálogo do adolescente com o adulto”. Será?
O fato é que, apesar do uso de mil aplicativos de internet, de um site caprichadinho — como aliás são todos os das novelas da Globo nos últimos tempos —, “Malhação” não alcança grandes audiências na TV, se compararmos com as que já obteve no passado. Tampouco repercute. O único grande destaque da atual temporada é a presença de Fiuk. Band leader, filho de Fábio Jr. e considerado bonitão pelas garotas, ele não chega exatamente a brilhar por seu talento como ator. As tramas também estão chochas. Uma delas, que entrará no ar em breve, mostrará uma personagem usando um apito para resistir aos beijos de um pretendente. A ideia só pode ter ocorrido ao roteirista Ricardo Hoffstetter num momento de ausência de inspiração aguda. O programa envelheceu ou ficou mais pobre? Uma coisa ou outra, ou ambas.
Discordo da tese de que “Malhação” seja “necessária”. Por outro lado, é certo que existem muitos adolescentes ávidos por ver seus dilemas refletidos na teledramaturgia. O Multishow apresentou recentemente a série “Beijo, me Liga”, que falava mais a este público do que esta “Malhação” que está no ar. Vamos ver o que vem por aí.
Patrícia Kogut
O Globo
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