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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Bela, a Feia chega ao fim como grande sucesso

A novela Bela, a Feia terminou nesta quarta (2) com o final feliz típico dos folhetins e como sucesso de audiência – a trama chegou a alcançar o primeiro lugar no Ibope em sua reta final.

Munir Chatack/RecordDiretor Edson Spinello (à esq) e autora Gisele Joras (à esq.) comemoram sucesso com casal protagonista interpretado por Giselle Itié e Bruno Ferrari

A moça pobre e feia do começo da trama, interpretada por Giselle Itié, conseguiu se casar com seu amado, o empresário Rodrigo (Bruno Ferrari), que ainda dividiu com ela a presidência da agência publicitária Mais Brasil e a pediu em casamento de joelhos diante de sua família. Bela terminou a novela no altar com um visual que ficou no meio do caminho entre a horrorosa do começo da trama e a estonteante Valentina da reta final.

Pesquisador de telenovelas na USP (Universidade de São Paulo), Claudino Mayer aponta como acerto da autora Gisele Joras dar uma linguagem brasileiríssima à trama latina fruto da parceria da Record com a Televisa. Para o estudioso, a novelista mostrou ao longo da trama “que nem precisaria de um texto estrangeiro para adaptar”.

- O sucesso de Bela só reforça o talento nacional. No princípio, a novela tinha um texto muito ligado ao original. No decorrer da trama, a Gisele foi aproximando o texto da nossa cultura. Além disso, ela fez uma novela ágil e dinâmica. Bela, a Feia foi uma novela alegre. Esse foi o grande acerto da trama: romper com o modelo original latino e assumir a brasilidade de forma descontraída.

Se a novela ficou mais nacional, a produção de arte e a direção de Edson Spinello investiram em cores fortes, típicas do folhetim latino – e que remetem aos filmes do espanhol Pedro Almodóvar. Outro mérito da novela, na opinião do pesquisador da USP, foi a aproximação com o público infantil.

- Com o excesso de cores e os atores mais soltos na interpretação, a novela conquistou a criançada.

Na opinião do estudioso, outro fator de identificação com o público foi a trama clássica da Gata Borralheira. Bela representava a “mulher batalhadora, que sofre perseguições no trabalho por ser feia, mas que nem por isso desiste de seu sonho”. Ao conquistar o homem amado e o sucesso profissional ela realiza também o sonho de boa parte do público.

Autor do livro Almanaque da Telenovela Brasileira, Nilson Xavier aponta também a mudança do horário da trama para a faixa das 22h – a novela começou sendo exibida na faixa das 20h – como um acerto.

- O horário inicial era ingrato. Depois que mudou, a novela deslanchou.

Xavier aponta como destaque o trabalho realizado por duas atrizes: Bárbara Borges e Laila Zaid, intérpretes das manicures Elvira e Magdalena, respectivamente.

- De todo o elenco, Bárbara e Laila são as que realmente mais me chamaram a atenção. As duas atrizes foram excelentes nas cenas de humor e seguraram boa parte da novela.

Magdalena e Elvira acabaram juntas – e quase sem brigas – como donas de uma fábrica de perucas. O humor também tomou conta do desfecho reservado aos vilões da trama, como a rica falida Bárbara (Esther Góes) se tornando camelô, a mimada Ludmila (Marcela Barrozo) tendo de virar cabeleireira no bairro pobre da Gamboa ou Verônica (Simone Spoladore) assumindo o papel de apresentadora infantil no Paraguai.

O sucesso de Bela, a Feia mostrou que o público está ávido por uma vida colorida na qual até a maldade em torno é cheia de graça.

Elvira e Magdalena

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