Estreia da última terça-feira na Record, “Ribeirão do Tempo”, de Marcílio Moraes e com direção-geral de Edgard Miranda, é uma espécie de compilação de várias fórmulas conhecidas. Não é à toa que o resultado final remete a novelas dos anos 80. Tudo lembra algo que já se viu na TV, não necessariamente na Record. Tem o ambiente interiorano de folhetins das 18h; uma cidade pacata que terá de se defender da ambição desmedida de um poderoso grupo econômico que quer construir um resort “destruindo a natureza”; e um jornal que sobrevive a duras penas se equilibrando entre a falta de recursos e a dignidade de não “se vender aos poderosos”. Apareceu até um personagem misterioso, à la Velho do Rio.
A produção tem qualidades. A cenografia é uma delas. Se não chega a oferecer nada de muito inovador, está longe do improviso. Marcílio não é um autor inexperiente, mas, pelo menos na Record, nunca mais repetiu o texto delicioso de “Essas mulheres”. Ainda assim, correto, fica bem acima do nível colegial dos diálogos de tramas apresentadas na emissora, como a dos mutantes e seres afins.
Do elenco, pelo menos nessa primeira semana, saíram-se bem Antônio Grassi, Eduardo Lago, Jacqueline Laurence e Caio Junqueira. Por outro lado, Bianca Rinaldi parece pronta para estrelar uma novela mexicana. E Cássio Scapin e José Dumont protagonizaram um concurso de caretas aguerrido. Difícil dizer quem venceu.
Um detalhe, que é quase uma regra nas novelas da emissora, em “Ribeirão do Tempo” não faltou: sequências aéreas abrindo o capítulo de estreia. Desta vez, um sobrevoo na locação (linda, aliás). Mas o problema é esse: virtudes avulsas não servem para um resultado final satisfatório.
Por: Patrícia Kogut
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