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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CRÍTICA/Silvio Santos, o animador do Brasil

Uma convocação do tipo “quem não viu Silvio Santos na TV levanta o dedo” vai deixar poucos fregueses com a mão abaixada. Há 50 anos ano ar — primeiro na TV Paulista, na Globo, na Tupi e depois na TVS, hoje rebatizada de SBT — ele atravessou várias gerações de espectadores, fundou um estilo, animou e continua animando muitos auditórios. Antes de tudo, é importante dizer: Silvio Santos, mais que um apresentador e empresário, fica melhor definido como “animador”.

Entre marcas suas até hoje na memória do público estão o grito de “raráááiiii”; a saudação às “colegas de trabalho”; o convite no “Show do milhão” a “perguntar para os universitários”; o “Faaala, Lombardi”. Há ainda o “quem quer dinheiro?”, que precede o gesto mais politicamente incorreto do mundo: o de transformar notas de diferentes valores em aviõezinhos e arremessa-las à plateia que, ávida, se atira para catar. Alguém faz isso com mais charme que Silvio Santos?

Da minha infância, tenho a lembrança de um quadro intitulado “Boa noite, Cinderela”. Nele, o apresentador presenteava uma menina, vestida de princesa, com milhares de brinquedos (pareciam milhares). Sentada no topo de uma escada, afogada em bonecas e outros objetos de desejo de qualquer criança, ela se emocionava. E o auditório, claro, idem ibidem. Muitas outras invenções de Silvio estão relacionadas ao triunfo material, como o quadro “Porta da esperança”.

Ex-camelô, ele é a expressão concreta do sujeito que fez as Américas na televisão, um vencedor acima de tudo. Carioca, perdeu o sotaque e sua emissora é essencialmente paulista. Mas hoje, Silvio Santos tem mesmo a cara do Brasil.

Por Patrícia Kogut para o seu blog do Globo.com.

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