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domingo, 17 de outubro de 2010

Segunda temporada de A Cura é uma obrigação moral que a Globo tem que cumprir

Quando A Cura estreou, a Globo não afirmava se a série de João Emanuel Carneiro e Marcelo Bronstein teria uma segunda temporada. Com o passar o tempo essa dúvida começou a me angustiar demais porque fui me apegando ao programa, aos personagens, e minha vontade era que tudo não se acabasse no nono capítulo… E pelo que vimos no episódio derradeiro, ano que vem teremos muito mais de Dimas (Selton Mello) e cia.

Assisti ao último episódio de A Cura no hotel em João Pessoa (PB), onde estou passando férias. Por nada neste mundo perderia o desfecho e gostei da opção dos autores de encerrar a primeira temporada no estilo Lost de ser: mais perguntas do que respostas, vários ganchos a serem seguidos e novos mistérios. Eu acho ótimo!

E não me sai da cabeça: o que terá acontecido com Rosângela (Andréia Horta), para ela despertar do nada com aqueles olhos tão esbugalhados? Não paro de pensar também o que levou Ciro (Rogério Marcico) a destruir a vida do próprio neto para ajudar um monstro como Oto (Juca de Oliveira)… O que Dimas e Camilo (Caco Ciocler) farão para tentar capturar o serial killer? Nossa, é muito assunto para resolver e espero que a próxima temporada seja maior do que esta. O grande problema do capítulo final foi exatamente esse. Os autores deixaram questões demais para serem resolvidas e acabamos sendo engolidos por um turbilhão de acontecimentos, o que atrapalhou o desenvolvimento do capítulo.

O lado bom é que não tive tempo para respirar e a adrenalina foi lá em cima. Só conseguia respirar nos intervalos comerciais e olhe lá. A parte chata é que ficou uma correria doida e temas fundamentais, como a descoberta que Oto estava vivo, viraram quase uma pantomima, com boa parte dos personagens gritando que o vilão não havia morrido. Também não gostei do seguimento do passado, envolvendo Silvério (Carmo Dalla Vecchia), que era igualmente eletrizante, ter sido relegado a míseras cenas. Bastava Ezequiel (Dyjhan Henrique) matar Silvério para que tudo se resolvesse? Ah, não, fala sério! Espero que tenha mais caroço embaixo desse angu, senão ficarei muito decepcionado. O que deu para entender é que, matando o vilão, o menino prolongou o karma que os une, e eles renasceram como pai e filho, numa situação ainda mais complexa do que a da vida anterior. Mas devem ter outras surpresas envolvendo esses personagem. Pelo menos assim eu espero.

Além da trama eletrizante, cheia de tipos contraditórios e dezenas de conflitos, o que marcou a série foi a interpretação magistral do elenco. Todos estiveram simplesmente perfeitos. Preciso destacar Selton Mello porque ele conseguiu fugir de seus maneirismos e deixou o Dimas comandar a situação. Pela primeira vez em muito tempo na carreira do ator, nós o vimos sumir no personagem e sem recorrer aos seus “truques” de atuação tão manjados. Ary Fontoura também deu um show com um papel totalmente ambíguo. A gente nunca sabia se ele era do mal ou do bem… Gostei muito também de Carmo Dalla Vecchia, Nívea Maria, Rogério Márcico, Caco Ciocler e Andréia Horta, linda e sempre talentosa. Entre as revelações, Inês Peixoto, como a misteriosa Edelweiss, e Eunice Bráulio, como a fofoqueira Nonoca. Simplesmente demais! Apenas os ótimos Ana Rosa e Jackson Antunes mereciam mais destaque na série. Já Juca de Oliveira, um ator tão pouco presente na telinha, colocou Oto na galeria dos piores vilões da história.

A existência de uma segunda temporada de A Cura é uma exigência moral que a Globo e os autores não podem jamais deixar de cumprir. E tenho dito!

Por Jorge Brasil

Da Coluna Tv por Jorge Brasil

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