Levantamento da Ancine (Agência Nacional do Cinema) mostra que o brasileiro paga mais caro pelos pacotes populares de TV paga do que argentinos e chilenos.
Enquanto o brasileiro paga até R$ 2,88 mensais por canal, o argentino tem preço máximo de R$ 0,89 e o chileno, de R$ 1,24. O levantamento comparou o segundo pacote mais barato dos países.
O preço no Brasil supera ainda o de Portugal (máximo de R$ 0,82 por mês) e da Espanha (máximo de R$ 1,80).
Segundo a Ancine, a entrada de companhias telefônicas no mercado de TV via satélite e o aumento no número de assinantes nos últimos anos permitiram uma redução nos preços, mas não o suficiente para se equiparar aos dos países vizinhos.
Em 2007, o custo da assinatura de um canal nos pacotes populares variava de R$ 1,92 a R$ 6,84 por mês, no Brasil (a base de assinantes passou de 5,3 milhões para 8,4 milhões desde então).
A pesquisa foi apresentada ontem pelo presidente da Ancine, Manoel Rangel, no congresso anual da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), que termina hoje em São Paulo.
Um dos propósitos do estudo é dar argumentos para a defesa da criação de cotas para produção nacional para as TVs pagas.
As cotas são um dos pontos de maior polêmica do projeto de lei 116, que tramita no Senado. Além de criar uma reserva de mercado para obras brasileiras, propõe acabar com a limitação ao capital estrangeiro e liberar telefônicas para oferecer TV a cabo dentro de sua área de concessão de telefonia fixa.
ENLATADOS
A Ancine mediu o espaço que a TV paga dá ao conteúdo nacional. Sem o Canal Brasil, os filmes nacionais representaram 1,4% dos exibidos em 2009.
Na visão de Rangel, as cotas favorecerão o surgimento de uma indústria em escala de conteúdo nacional, o que é contestado por programadores estrangeiros e nacionais. Anteontem, o presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, criticou as cotas em discurso no congresso da ABTA. “Elas não privilegiam qualidade.”
O presidente da Ancine diz que a produção nacional já provou que tem qualidade e mencionou que a receita do audiovisual brasileiro equivale a 2% da mundial, que foi de US$ 480 bilhões em 2009.
Ele provocou programadores estrangeiros, dizendo que o conteúdo nacional feito por eles é majoritariamente resultado de incentivo fiscal.
Dos R$ 145 milhões investidos por canais estrangeiros em produção no país desde 2001, ao menos R$ 114 milhões são de incentivo fiscal.
O diretor-geral da ABPTA (Associação Brasileira de Produtores de TV por Assinatura, que reúne canais estrangeiros), Sean Spencer, disse que as cotas encarecerão a assinatura no Brasil. E atribui o alto custo da assinatura à carga tributária no país, segundo ele, uma das mais elevadas da América.
Folha.com
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