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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Ti-ti-ti tem humor ágil, mas não levanta ibope

Renato Rocha Miranda/GloboLogo no primeiro bloco,Ti-ti-ti mostrou a que veio com muito romance, cor, humor, trocas de farpas e muita confusão. Bem diferente do clima soturno e sem graça da fracassadaTempos Modernos, que fechou na última sexta com média geral de 24 pontos, a pior dos últimos tempos para uma novela das 19h.
Mas nem todo o esforço da autora Maria Adelaide Amaral e do diretor Jorge Fernando para espantar o mau agouro da trama de Bosco Brasil foi suficiente. Em números prévios do Ibope, Ti-ti-ti teve 28,6 pontos em seu primeiro capítulo, contra 29,2 pontos da estreia Tempos Modernos. É bom lembrar que Tempos teve uma estreia facilitada, já que herdou a gorda audiência de Caras & Bocas, sucesso no horário.
No primeiro capítulo, Ti-ti-ti abusou da agilidade em cenas descoladas, com direito a mundo da moda, casal gay bem resolvido e mocinha apaixonada. Mostrou que é uma novela das sete como aquelas que o público brasileiro gosta de acompanhar: cheia de personagens com cara de gente, como Dona Mocinha (Maria Célia Camargo) e Nicole (Elizângela), que já mostraram que vem muito barraco por aí.
A abertura trouxe ar nostálgico ao telespectador das antigas, mas não deveu nada às atuais em termos de modernidade. Porque em termos de criatividade as aberturas de antigamente ganham, e muito, das de hoje em dia.
A nova abertura manteve intocada a ideia de 1985, com agulhas, tesouras e fitas métricas se engalfinhando, tal quais os costureiros Jacques Leclair (Alexandre Borges) e Victor Valentim (Murilo Benício), protagonistas do folhetim originalmente escrito por Cassiano Gabus Mendes.
Se Borges surgiu afetado na medida certa, o que condiz com o perfil espalhafatoso de seu personagem, Benício voltou aos bons tempos de humor – o ator é bem melhor nesse filão do que quando tenta fazer expressões dramáticas.
A direção de Jorge Fernando abusou de tomadas panorâmicas para definir as duas cidades onde se passa a trama: São Paulo e Belo Horizonte. Mas nada de tomadas longas como as do Leblon de Manoel Carlos. Tudo foi mostrado bem rapidinho, porque o público de hoje quer pressa.
Na capital mineira, vive a mocinha Marcela, interpretada por Ísis Valverde. A cabeleireira que sonha em ser modelo mal desconfia que seu suposto amado pobretão é herdeiro de uma das mais ricas famílias mineiras. Para desespero do rapaz, ela ficou grávida dele, que a acusará de dar o golpe do baú. Ísis está tão mocinha de novela que até recuperou seu sotaque mineiro original.
Como sempre, a novela mostrou que, em TV, tudo se copia. A agência de moda de Ti-ti-ti se parece muito com a agência publicitária de Bela, a Feia. Tanto que o jornalista Adriano (Rafael Zulu) da trama da Globo parece irmão gêmeo do Diogo (Sérgio Menezes) da novela da Record.
Outro destaque foram as cenas românticas entre o jovem e bonito casal gay formado por Osmar (Gustavo Leão) e Julinho (André Arteche). Apesar de ter deixado claro a relação de amor dos dois sem usar da caricatura tão comum quando a homossexualidade é abordada na TV, a novela não deu trela para o tão esperado beijo gay acontecer. Ficou só no quase. E pelo jeito disso não sai, já que um deles morrerá em breve.
A estreia repercutiu na internet. No Twitter, três atores do folhetim: Malu Mader, Gustavo Leão e Caio Castro lideraram os Trending Topics [assuntos mais comentados] do mundo todo.Murilo Benício e Alexandre Borges
Murilo Benício e Alexandre Borges mostraram que vem humor por aí – Foto: João Miguel Jr./Globo

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