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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Entrevista com Sônia Abrão

“Se dependêssemos de morte de famosos, teríamos que matar um por dia”, dispara Sônia Abrão

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1 - Se engana quem pensa que essa é a sua primeira passagem pela Rede TV! Você já esteve lá entre 2000 e 2002, apresentando o programa ‘A Casa é Sua’. O que mudou da Rede TV! De antes para a de agora? E o que te fez retornar a emissora?

R:  Hoje, a Rede TV! se tornou uma emissora conhecida nacionalmente e tem alta tecnologia. No dia 1 de maio, completamos 4 anos no ar com o A Tarde é Sua, que se consolidou no horário da tarde.  Na primeira temporada, de 2000 a 2002, com A Casa é Sua, a Rede TV! tinha apenas 3 meses no ar quando estreamos. Crescemos e aprendemos juntos. Voltamos a emissora em 2007 porque a proposta era irrecusável. Valeu a pena!

2 - Você já foi convidada de programas de peso como ‘Raul Gil, ‘Chacrinha’ entre outros, foi comentarista do Aqui Agora e repórter do helicóptero do Gugu. Como foi a luta para ganhar destaque na TV?

R: A luta, na verdade, foi para fazer bem o meu trabalho como crítica de TV no jornal Noticias Populares. O resto foi conseqüência! O sucesso da coluna foi grande e acabou rendendo convites para participar dos programas de rádio e TV. Eu nunca pensei em fazer televisão, pois sempre amei escrever. Sou bicho e redação até hoje e tenho espírito de repórter 24 hs por dia. Mas, só Deus sabe o motivo, me dei bem no vídeo também e acabei ficando.

3 - Sônia sem dúvidas nenhuma foi na Rádio que você teve um grande ‘Boom’ na sua vida e carreira. Você é a única mulher a comandar programa em horário nobre entre as rádios populares, que sempre foi reduto masculino, também foi a única comunicadora a liderar a audiência das tardes de São Paulo, com o programa Fatos e Boatos, na Rádio capital, que ficou quatro anos vencendo o Ibope da Rádio Globo no mesmo horário. No rádio pode se ter mais destaque? O Rádio manipula menos que a TV? E Como foi esse UP na sua carreira?

R:  O rádio é o veículo mais machista que conheço!!! É dominado por medalhões, que se recusaram a evoluir, a se modernizar e  acabaram matando o AM. Mas o rádio também tem sua mágia, sua comunicação instantânea e um laço afetivo enorme com o público. Como não depende de imagem, o que conta é o conteúdo, o que os ouvintes sentem através da sua comunicaçao. Isso, graças a Deus, dificulta  a manipulação. O problema é ser regional enquanto  a TV tem cobertura nacional. Não sei se foi um up na carreira, porque estava muito bem no jornal. Mas, sem dúvida, foi uma experiência fundamental. Descobri que, além de escrever, tbm sabia falar com o público.

4 – Como era sua relação com Silvio na época em que você trabalhava no SBT? Afinal ele disse que tinha tudo para se transformar no “Gugu de saias”.

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R: Minha relação com o Silvio sempre foi boa, ele me incentivou muito a não deixar o rádio e me abriu espaços importantes em seus programas, como a participação no Troféu Imprensa, por exemplo. Isso me deu uma repercussão nacional. Até hoje me sinto em casa no SBT. Esse negócio de “Gugu de saias” surgiu na época do Falando Francamente, que eu comandava na emissora. Pelo jeito, o Silvio gostava do meu jeito de comunicar e resolveu apostar em mim num programa de auditório, com SEIS HORAS de duração, ao VIVO, nas tardes de sábado. Isso que Ana Hickman e Eliana fazem hoje nas tardes de domingo, é fichinha perto do que fizemos em 2004 e 2005. Silvio Santos foi o primeiro a apostar numa mulher, no caso eu, na guerra de audiência dos finais de semana. Só agora tá virando moda!

5 - Sônia o seu programa e você são culpados pela mídia de terem interferido no Caso Eloá, em outubro de 2008. Todos dizem que quando você conversou com ele pelo telefone, teria de algum jeito interferido no pensamento do rapaz. O que você tem a dizer sobre esse caso e essa polêmica com o seu programa?

R: Essa é uma visão totalmente distorcida da realidade. Nossa produção entrou em contato com ele, que, primeiro, deu uma entrevista gravada e, em seguida, quis falar ao vivo no programa. Ele  me conhecia como apresentadora e também ao programa, portanto tinha total noção que estava dando uma entrevista, nada a ver com negociação . Tudo o que ele desejava era que lhe déssemos informações sobre sua mãe no ar, pois estava muito preocupado com ela. Além disso, queria mostrar ao Brasil que não era um bandido, coisa que, segundo ele, só seria possível através da televisão. A entrevista durou uns vinte minutos, ele disse que desejava se entregar e nos deixou falar com Eloá. Fui a última pessoa a falar com ela, que mandou um recado ao vivo para os pais. E ponto final.  Fiz o meu trabalho jornalisticamente, dei um furo de reportagem, coisa que  alguns apresentadores de programas policiais não engoliram e plantaram essa onda toda para tentar desqualificar  minha atuação.  Fizeram questão de ignorar que depois da entrevista, ainda houve mais três dias de negociação da polícia com ele, antes do desfecho trágico. Não sou culpada pelas falhas na operação. E ninguém comentou que Globo  e Record também o entrevistaram. Tenho minha consciência tranqüila e faria tudo de novo.

6 - No dia 13 de julho de 2009, você ficou indignada com uma pessoa que se passava por você no twitter e além de falar mal dos artistas disse que você sairia da Rede TV! O que gerou muitos boatos. No Dia seguinte você veio desmentir e renovou por mais três anos com a casa. Qual é a sua opinião sobre o twitter, já que agora até você twitta?

R: O grande problema do Twitter são os fakes, gente que se faz passar por outros. Tenhos uns dez  atualmente e resolvi abrir guerra. Depois daquela história mentirosa de que iria deixar a Rede TV!, eu abandonei o Twitter. Enquanto estive ausente, o número de fakes cresceu e vi que tinha pessoas dando opinião, em meu nome, sobre política, mandando recados para artistas, fazendo comentários de baixo nível,etc, etc, etc… Aí voltei e estou no combate  sem trégua aos impostores. Coloquei o endereço do meu twitter verdadeiro no programa e no portal da Rede TV!. Além  disso, tenho um twitterman, Douglas Fiorenza, que  faz transmissão ao vivo dos bastidores do programa através do Twittcam, provando que sou eu mesma no twitter (@Sonia_Abraotv) , e pedi o selo de autenticidade que já está pra chegar.

7 - Você, Sônia vem se mostrando além de uma bela apresentadora, uma mulher generosa. Dando oportunidade a pessoas que fizeram sucesso e hoje estão esquecidos pela mídia. É caso do Rafael Ilha e o Rodolfo da dupla Rodolfo e ET. O que você acha de emissoras que projetam esses famosos e depois o esquecem? O caso do Rodolfo no SBT.

R: Acho que fazer sucesso e depois ficar fora da TV, é um risco que todo profissional corre. Pode ser uma fase ou ser definitivo. Aí vai da sorte de cada um. As emissoras de TV são empresas comerciais e, como tal, vão se adaptando às exigências do mercado. É um esquema frio e impessoal. O calor humano vem do público. E dos colegas de profissão. De minha parte, faço o que posso – junto com Elias Abrão, o diretor do A Tarde É Sua – para aproveitar talentos que estejam à solta por aí. Isso não é apenas solidariedade e sim obrigação!

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8 - Depois de Geraldo Luís ter difamado você e sua produção, dizendo que vocês teriam embriagado o pai do Carlinhos, na época de ‘A Fazenda 1′, para ele estar no programa ‘A Tarde é Sua’, você respondeu a altura dizendo: “Geraldo Luís – é aquele que apresenta o ‘Geraldo Brasil’ da Record – não vai chegar muito longe, afirmando que a escola de aprendizado dele é a do crime”.

R: Para criar uma história tão tenebrosa quanto aquela, só mesmo uma mente deturpada!!!!

9 - O que de fato aconteceu com o Pai de Carlinhos, houve bebida? Qual o seu pensamento sobre Geraldo Luís? E vocês dois tiveram a oportunidade de conversar após isso?

R: É simples: nossa produção localizou o pai do Carlinhos, convidou e ele aceitou participar do programa. Isso é o que se chama de equipe competente! Bebida? Só se foi para brindar ao sucesso!!!! Sobre o tal “apresentador” não penso nada e nem quero saber de conversa!

10 - O ‘A Tarde é Sua’ é conhecido por pautar as mortes dos famosos e o ‘BBB’, isso além de gerar comentários maldosos, traz um alto ibope para o programa. Vale tudo pro ibope na TV de hoje, Sônia?

R: Se dependêssemos de morte de famosos, teríamos que matar um por dia, já que estamos no ar todas as tardes. Se vivêssemos de ibope do BBB, só sobreviveríamos 3 meses por ano.E já estamos há 4 anos na Rede TV! e há DEZ anos no ar ininterruptamente (incluindo o A Casa É Sua, Falando Francamente e Sonia e Você). Portando, esse papo não procede! Nosso programa é uma revista, tem de tudo, já cobrimos mais casamentos, nascimentos, batizados, festas, estréias de shows, encerramentos de novelas, lançamentos, etc… do que enterros e grandes tragédias, graças a Deus. O que acontece é que nossas coberturas, como o atentado às Torres Gêmeas, cratera do metrô, tsnunami na Indonésia, acidente da Tam etc… não deixam nada a dever às emissoras líderes de audiência, provocando uma grande repercussão no segmento popular. Fazemos um trabalho de gente grande e isso incomoda…

11 - O programa A Tarde É Sua esta em um horário mais prolongado, e investindo também em reportagens jornalísticas. A que você atribui essa nova fase?

R: Desculpe, mas essa NÃO é uma nova fase. Essa é uma característica do nosso programa há dez anos. Nunca consegui fazer apenas o tradicional “programa feminino”, pois não conseguia ficar apenas no tripé culinária-desfile de moda – artesanato. Sou jornalista e, assim, quando o A Casa É Sua surgiu em fevereiro de 2000 na Rede TV!, revolucionamos o formato à tarde, justamente introduzindo jornalismo, não só o de variedades, mas incluindo coberturas policiais e de grandes fatos do Brasil e do Mundo. A cobertura do atentado às Torres Gêmeas, em 2001, foi um marco nesse sentido. A partir daí, os outros programas da tarde passaram a copiar o novo modelo. E somos assim até hoje!

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12 - Um quadro muito famoso em seu programa era A Roda da Fofoca. Que de um tempo para cá não vem sendo mais exibido por quê?

R: Eu adorava fazer a Roda da Fofoca, a química com os jornalistas Márcia Piovesan e Décio Piccinini, com a humorista Vida Vlatt (a Ofrásia) e com o psicólogo Haroldo Lopes era muito boa. A gente se divertia muito e o público idem. Mas, infelizmente, decidiram tirar a Roda do ar, sob a alegação de renovação de quadros. Até hoje não me conformo, ainda mais quando vejo outras apresentadoras copiando!!!!!

13 - Na Rede Record você estava no ar com o programa Sônia e Você. Que explorava bastante o mundo dos famosos e garantia sempre a vice liderança. Como foi sua experiência nesse programa? E na Rede Record?

R: Acho o termo “explorava” muito tendencioso, né? Prefiro “abordava”, “enfocava”, etc… Eu gostei muito de comandar o Sonia e Você. Foi uma gentileza muito grande do bispo Honorilton Gonçalves de criar um título para o programa com meu nome.  Trabalhar na Record como apresentadora foi uma experiência muito gratificante. A emissora investe sério em estrutura, não brinca em serviço.

image 14 - Vida Vlatt a Ofrásia e muito presente na sua carreira na Rede TV, participava sempre da Roda da Fofoca e chegou a te substituir quando você estava doente. Como e sua relação com ela?

R: A Vida é uma grande amiga, acho que o Clodovil me deixou ela de herança. Batemos um bolão em cena, porque  tem um humor afiado, sabe improvisar e sempre dá show. Acho que merecia uma chance em Zorra Total, Show do Tom, Pânico ou A Praça É Nossa. A Vida é muito talentosa e o pessoal de TV tá bobeando em não aproveitá-la!

15 – Você guarda magoa de alguma emissora que você trabalhou?

R: De jeito nenhum! Pra mim, cada emissora em que trabalhei foi uma escola de comunicação! Adorei!

16 - Seu irmão Elias Abrão é o produtor e diretor do seu programa. Sendo seu irmão dirigindo seu programa as coisas ficam mais fáceis?

R: Fazer um programa diário, ao vivo, nunca é fácil. Acho que eu gosto mais de trabalhar com meu irmão do que ele comigo! Eu falo demais, penso muitas coisas ao mesmo tempo, fico comentando as matérias que estão no ar, não dou sossego pra ele. Já o Elias me dá segurança, confio nele totalmente quando estou no estúdio. Esses dez anos juntos me deixaram mal acostumada: não consigo me imaginar trabalhando com outro diretor.

17 – Em toda sua carreira qual foi o momento mais difícil?

R: Sempre é difícil noticiar a morte de pessoas queridas!

Maisa Gomes e Rogério Frandolozzo

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