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terça-feira, 20 de abril de 2010

Patrícia Kogut: Crítica - “Legendários” é tosco

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“Legendários” deixa o espectador, no mínimo, embatucado. Por que será que Marcos Mion anunciou que o programa seria “revolucionário”? Não há uma novidade ali. É só um pastiche de outras atrações.

Tem um pouco de “CQC” na ambição de falar de política. Só que sem a estrada e o estofo dos humoristas da Band. Exemplo: via um link de Brasília, o repórter Felipe Solari aparecia na porta de José Roberto Arruda com meia dúzia de gatos pingados, fazendo um “protesto”. Paralelamente, no estúdio, Mion lembrava um secundarista naïf (e fora de hora) bradando: “Somos revolucionários!”.

Outro quadro alusivo ao “CQC” é o de Miá Mello, a repórter Teena. Sua conversa com o ex-“Fazenda” Fábio Arruda foi do tipo vergonha alheia. Como o “CQC”, “Legendários” usa intervenções gráficas para tentar, sem sucesso, arrancar um sorriso do espectador.

Já “Super-Tição” tem outra fonte de inspiração: os programas de humor popular. É só tosco. Sua missão foi conseguir um projetor de filmes para Seu Zagatti, que toca um cinema em Taboão da Serra. Zagatti teve que responder a três perguntas, uma delas, segundo Mion, de francês: o que é Nouvelle Vague? Ué, isso é pergunta de francês? Não seria conhecimentos gerais, ou cinema? Lembrou um pouco a pergunta (de geografia) da apresentadora Eliana a um participante de seu programa dia desses e anunciada como “de filosofia”: em que cidade grega nasceu Sócrates?

Mas o pior veio depois: a suposta “pegadinha do bem”. Um ator anunciou à família (pai, mãe, namorada e filha) que era gay, sem que isso fosse verdade. Acabou com o pai do ator tentando esfaquear o suposto namorado dele. Algo equivocado, sem qualquer requinte ou elaboração. O quadro não foi só preconceituoso ao mostrar o repórter imitando trejeitos. Foi um estímulo ao preconceito.

“Legendários” não é apenas pretensioso. É tosco, sem graça, interminável e constrangedor.

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